Recife, 11 de dezembro de 2021
Diário Oficial do Estado de Pernambuco - Poder Executivo
Ano XCVIII • NÀ 233 - 3
F
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Gilcia, a
enfermeira que
mudou a história
do Inácio de Sá
A terra-novense saiu adolescente do sertão, voltou
formada e contribuiu com eficiência para a
evolução do hospital regional de Salgueiro
P
A
M
L
filha de seu Antonio Lisboa do
Nascimento e de Dona Albertina
Amando do Nascimento, Maria
Gilcia do Nascimento Dantas de Sá, desde
cedo sabia qual carreira seguiria após o ensino médio: enfermagem. Competente no que
faz, desde 2007 ela comanda o Hospital Regional Inácio de Sá, em Salgueiro. Mas até
alcançar o posto, muita estrada foi
percorrida.
Nascida em Terra Nova, no Sertão Central, a intrépida personagem desta história,
hoje com 57 anos de idade, mudou-se com a
família para a cidade vizinha, Salgueiro,
com apenas dois meses de vida. Foi lá que
concluiu o ensino fundamental e, já adolescente, foi estudar no Recife. Gilcia recorda
que, por conta das dificuldades financeiras
dos pais, morou em diversos locais. Mas
carrega doces lembranças do período. “Juntávamos vários estudantes em um apartamento, ou morando em pensão, com muita
amizade. Eu sempre gostei de fazer novos
amigos e participar das turmas”, conta. Durante esse período no Recife, em uma festa
dançante, ela conheceu um rapaz, amigo de
amigos, que iria se tornar seu companheiro
da vida inteira.
Após concluir o ensino médio, a terra-novense decidiu seguir os passos de Anna
Nery. Prestou vestibular para Enfermagem,
sendo aprovada na UPE e UFPE. Escolheu
esta última por ser mais voltada ao trabalho
com a saúde pública. Em
1986, com o diploma nas
mãos, casada com Joaquim
Dantas – aquele mesmo jovem da festa – e com um filho, Gilcia voltou para Salgueiro, para ajudar sua gente com o que aprendeu na
graduação. Não demorou
muito e a recém-formada foi
contratada para trabalhar na Unidade Mista
Ana Alves de Carvalho, em Mirandiba, também no Sertão. “Aprendi muito, e também
ensinei muito. Sempre gostei de compartilhar as experiências”, relembra.
Em 1991, Gilcia foi aprovada no concurso público do Governo de Pernambuco, na
gestão de Miguel Arraes, para atuar no recém-inaugurado Hospital Regional Inácio
de Sá. Os anos se passaram e a enfermeira
foi aumentando sua paixão pela unidade de
saúde, sempre disposta a buscar melhorias
no serviço ofertado, até que foi convidada
para assumir a diretoria do hospital. No primeiro momento, recusou. Mas quando ela e
a pediatra Kátia Arcoverde tentavam salvar
a vida de um bebê, que estava em estado
grave, recebeu novo convite e aceitou.
“Dra. Kátia disse para eu
aceitar, porque ela acreditava
que eu poderia fazer muito
pelas crianças da nossa região. Me senti tocada realmente, porque sempre me
veio à mente a questão de salvar mais vidas, principalmente no combate das mortalidades infantil e neonatal”, explica. O ano era 2007 e Eduardo Campos
iniciava seu primeiro governo quando a diretora assumiu o cargo.
Desde então, foram muitos desafios, mas
muita garra e coragem. O primeiro passo foi
organizar a casa para atender as demandas
dos usuários da VII Geres. Em 2008, a diretora implantou a Saúde Mental no HRIS,
uma unidade humanizada que prezava pela
integridade do usuário. Também fortaleceu
a Obstetrícia e Neonatologia, com a contra-
tação de 16 enfermeiros obstetras. Hoje, o
hospital conta com residência em enfermagem e obstetrícia. Para Gilcia, o que mais
marcou foi o esforço conjunto para a redução da mortalidade infantil e neonatal. “É a
vontade de todos. De querer fazer o melhor
para acolher, atender às necessidades dos
usuários. Cresceu a equipe de médicos e enfermeiros. Saímos de 400 funcionários para
mais de 600. Essa ampliação se deu por concurso público, qualificando a assistência”,
observa.
O Hospital Regional Inácio de Sá também tem sido um importante suporte no
combate ao novo coronavírus, e com a pandemia, a unidade terminou sendo fortalecida
e ofertando mais serviços de saúde, como
hemodiálise e UTI neonatal/pediátrica e
adulta. E Gilcia – hoje com três filhos e três
netos – deixa um recado para os que querem
abraçar o caminho da enfermagem. “Nunca
desista dos seus sonhos. Seja protagonista
da sua história, principalmente na enfermagem, pois é uma profissão árdua. Sejam persistentes, porque só assim que teremos uma
categoria forte e reconhecida pelo valoroso
trabalho que prestamos ao povo”, conclui.